Esta intrigante distopia apresenta uma jovem escritora como protagonista, que luta para registrar eventos em um mundo onde objetos e memórias podem desaparecer sem aviso. A ‘polícia da memória’ impõe que esquecer é uma obrigação, e lembrar-se de algo que desapareceu é considerado um crime. A trama se desdobra entre a perspectiva da protagonista e as páginas do livro que ela escreve, criando uma narrativa rica e complexa.
Como fã de distopias, fiquei fascinada pela premissa do livro, que oferece uma profunda reflexão sobre a repressão e a censura. Embora a história deixe muitas questões em aberto, essa abordagem não diminuiu minha experiência de leitura; pelo contrário, aprecio livros que mantêm o mistério e incentivam a especulação.
Conforme os desaparecimentos se intensificavam, compartilhei a aflição crescente da protagonista, e minha curiosidade sobre os motivos por trás dos eventos só aumentou. A tensão e a ansiedade permeavam a narrativa, tornando a leitura intensamente envolvente.
Após concluir o livro, passei um tempo considerável refletindo sobre os temas abordados, o que é um testemunho do impacto duradouro da história. Recomendo este livro para aqueles que apreciam distopias que exploram o desconhecido e deixam espaço para interpretação. É uma obra surpreendentemente intrigante, perfeita para leitores que valorizam uma trama que desafia e provoca reflexão.
Nota: 5 de 5 ⭐
Sobre o Livro
- Título: A Polícia da Memória
- Título original: Hisoyaka na Kessho
- Autor: Yoko Ogawa
- ISBN: 978-65-86068-14-6
- Lançamento: 05/2021
- Editora: Estação Liberdade
- Páginas: 328
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Sinopse
Em narrativa melancólica, o leitor é conduzido ao submundo das memórias perdidas. Em tom de ficção cientifica, uma ilha governada por policiais que buscam vestígios de lembranças.
Na ilha, os objetos, casas, e famílias inteiras somem sem deixar vestígios. Sem que as pessoas sequer se atentem, e notem os desaparecimentos, pois as lembranças furtivamente também já se foram. Na trama, uma escritora tenta manter intactos resquícios de histórias, de algo que possa permanecer. Não é fácil, já que tudo ao redor desaparece, e ela não pode contar sequer com a própria memória.
O leitor é convidado, instintivamente, a acessar o seu próprio arcabouço de lembranças, e percorre uma jornada de memórias que gostaria de preservar. Acessar as memórias é acessar, também, o que criamos e o que se mistura ao real.
Ler A polícia da memória é embarcar no mais profundo do ser. Há uma pergunta que circunda toda a narrativa: Se pudesse, o que você preservaria intacto, e não perderia da memória?
Sobre a Autora
Nasceu em Okayama, Japão, em 1962. Sua vocação leitora foi despertada precocemente por clássicos infantis, graças a um sistema de assinatura de livros deque a família dispunha. Gosta decitar O diário de Anne Frank como uma referência decisiva para perceber a escrita como via possível e necessária de auto expressão. Estudou escrita criativa e publicou diversos livros, entre ficção e não ficção. A autora vive atualmente em Ashiya, província de Hyogo — nas proximidades de Kyoto. Arrebatou todos os prêmios referenciais do meio literário japonês, pelas obras Diário da gravidez, A fórmula preferida do Professor, O enterro de Brahman, e por A marcha de Mina. Pela Estação Liberdade, a autora publicou O museu do silêncio(2016) e A fórmula preferida doProfessor (2017), obra que foi vertida para o cinema, pelo diretor Takashi Koizumi, ex-assistente de Akira Kurosawa.